quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Inaugurando

    Bom, escolhi uma data a dedo para lançar esse espaço que almejo há tanto tempo (Mentira!, eu só tomei coragem mesmo para colocar no ar esse projeto que tenho há tanto tempo, confesso). Há algum tempo eu tenho vontade de contar minhas experiências, minhas aventuras, meus dramas, compartilhar minhas resenhas de livros e divulgar algumas peças de teatro (que eu amo).

     Eis que entrei no dilema do nome. Muitos nomes passaram pela minha cabeça até eu chegar nesse que começo a usar hoje. Os meus mais chegados irão entender de prontidão o título escolhido, os de fora apaixonados por literatura talvez se confundam um pouco, mas irei explicar.

    Mundo Póstumo surgiu de uma mescla de duas paixões que nutri durante o meus estudos no Ensino Médio. A primeira, Carlos Drummond de Andrade. A segunda, Machado de Assis. Eles me apresentaram os "Sentimentos de Mundo" e as "Memórias Póstumas". Feito? o MUNDO de Drummond e o PÓSTUMO(as) de Machado. Claro que não se resume a somente isso.

    "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é o minha obra favorita:

"ao verme que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver 
dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas"

    A obra me encanta pois nela está expressa tudo o que pode ter de mais encantador (ou constrangedor) da nossa literatura - ao menos ao meu ver. Nela, Machado de Assis faz que tenhamos longos diálogos com um DEFUNTO AUTOR (e não um autor defunto), ficamos bravos com o Brás Cubas (dono de uma modéstia excepcional, afinal, seu livro poderia ser a Bíblia, só que ele começa com a morte do protagonista), nos confundimos muito em seu delírio e assim vai indo até que... BRÁS CUBAS MORRE! E a gente chega a até ficar triste com a morte dele, mas ele já havia dito que iria morrer, é assim que começam suas "Memórias". É tão incrível que nós conversamos com um autor que não existe de verdade, e que escreve depois de morto (e isso não é uma psicografia, é ele que escreve mesmo.. ele até diz que escreve o livro porque não tem mais nada há fazer do que olhar os pés dentro do caixão!).

    Ai me vem Drummond com seu Sentimento do Mundo, particularmente prefiro A Rosa do Povo, porém existe um poema no primeiro que realmente mexeu comigo durante o ano de 2015 inteiro,  mexe comigo hoje e vai mexer comigo sempre. "Mãos Dadas":

"o presente é tão grande, não nos afastemos,
não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

     E foi com essa frase que eu me despedi dos meus amigos em São Paulo e parti rumo ao sonho da Cidade Maravilhosa. Aqueles amigos que eu convivi durante o ano inteiro (nós só não dormíamos juntos, porque era o dia todo - literalmente todo - dentro daquele cursinho) e aí nós só tínhamos uns aos outros. Foi incrível! Creio que o ano de 2015 não se apagará jamais de nossas memórias. JAMAIS! Eu finalmente encontrei pessoas que gostassem de Chico Buarque e Tom Jobim (não estou reclamando dos meus amigos mais antigos não, mas é que eu queria muito cantar as musicas do Chico e do Tom com alguém - risos). Então, eu e um amigo começamos a declamar esses versos erroneamente:

"o mundo (sic) é tão grande, não nos afastemos
não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

e quando vimos o grupo todo já tinha aderido à "campanha" de nunca nos afastarmos porque o "mundo é tão grande", mesmo que longe a gente sempre estaria perto um do outro, sempre ali, lado à lado. E aí acabou que não era MUNDO e sim PRESENTE. Foi por esse motivo que escolhi Sentimento do Mundo ao invés de A Rosa do Povo. 

     Bom, é isso. Essa sou eu: uma geminiana (se é que isso quer dizer alguma coisa), com quase seus vinte anos, que desistiu da USP para realizar o sonho tão sonhado da Cidade Maravilhosa; de poucos amigos. De bons amigos.


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