Eis que entrei no dilema do nome. Muitos nomes passaram pela minha cabeça até eu chegar nesse que começo a usar hoje. Os meus mais chegados irão entender de prontidão o título escolhido, os de fora apaixonados por literatura talvez se confundam um pouco, mas irei explicar.
Mundo Póstumo surgiu de uma mescla de duas paixões que nutri durante o meus estudos no Ensino Médio. A primeira, Carlos Drummond de Andrade. A segunda, Machado de Assis. Eles me apresentaram os "Sentimentos de Mundo" e as "Memórias Póstumas". Feito? o MUNDO de Drummond e o PÓSTUMO(as) de Machado. Claro que não se resume a somente isso.
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" é o minha obra favorita:
"ao verme que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver
dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas"
A obra me encanta pois nela está expressa tudo o que pode ter de mais encantador (ou constrangedor) da nossa literatura - ao menos ao meu ver. Nela, Machado de Assis faz que tenhamos longos diálogos com um DEFUNTO AUTOR (e não um autor defunto), ficamos bravos com o Brás Cubas (dono de uma modéstia excepcional, afinal, seu livro poderia ser a Bíblia, só que ele começa com a morte do protagonista), nos confundimos muito em seu delírio e assim vai indo até que... BRÁS CUBAS MORRE! E a gente chega a até ficar triste com a morte dele, mas ele já havia dito que iria morrer, é assim que começam suas "Memórias". É tão incrível que nós conversamos com um autor que não existe de verdade, e que escreve depois de morto (e isso não é uma psicografia, é ele que escreve mesmo.. ele até diz que escreve o livro porque não tem mais nada há fazer do que olhar os pés dentro do caixão!).
Ai me vem Drummond com seu Sentimento do Mundo, particularmente prefiro A Rosa do Povo, porém existe um poema no primeiro que realmente mexeu comigo durante o ano de 2015 inteiro, mexe comigo hoje e vai mexer comigo sempre. "Mãos Dadas":
"o presente é tão grande, não nos afastemos,
não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"
E foi com essa frase que eu me despedi dos meus amigos em São Paulo e parti rumo ao sonho da Cidade Maravilhosa. Aqueles amigos que eu convivi durante o ano inteiro (nós só não dormíamos juntos, porque era o dia todo - literalmente todo - dentro daquele cursinho) e aí nós só tínhamos uns aos outros. Foi incrível! Creio que o ano de 2015 não se apagará jamais de nossas memórias. JAMAIS! Eu finalmente encontrei pessoas que gostassem de Chico Buarque e Tom Jobim (não estou reclamando dos meus amigos mais antigos não, mas é que eu queria muito cantar as musicas do Chico e do Tom com alguém - risos). Então, eu e um amigo começamos a declamar esses versos erroneamente:
"o mundo (sic) é tão grande, não nos afastemos
não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"
e quando vimos o grupo todo já tinha aderido à "campanha" de nunca nos afastarmos porque o "mundo é tão grande", mesmo que longe a gente sempre estaria perto um do outro, sempre ali, lado à lado. E aí acabou que não era MUNDO e sim PRESENTE. Foi por esse motivo que escolhi Sentimento do Mundo ao invés de A Rosa do Povo.
Bom, é isso. Essa sou eu: uma geminiana (se é que isso quer dizer alguma coisa), com quase seus vinte anos, que desistiu da USP para realizar o sonho tão sonhado da Cidade Maravilhosa; de poucos amigos. De bons amigos.
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