Salão Nobre da Faculdade Nacional de Direito - UFRJ. Instituição onde fora assinada a Lei Áurea. |
13 de maio de 1888. A Princesa imperial regente em nome de
Dom Pedro II, Isabel, e Rodrigo Augusto da Silva sancionaram a Lei Áurea (Lei
Imperial 3.353) e a escravidão no Brasil foi extinta. Assim como tudo o que
acontece tem uma história por trás, a Lei Áurea foi precedida pela Lei Eusébio
de Queirós (1850 – proibição do tráfico negreiro), pela Lei do Ventre Livre
(1871 – libertou todas as crianças nascidas de pais escravos a partir daquela
data) e pela Lei dos Sexagenários (1985 –libertava escravos com mais de 60 anos).
13 de maio de 1890. Aluísio Azevedo lançava sua obra –
talvez a mais famosa – O Cortiço. A data pode não ser apenas uma coincidência.
Nessa obra naturalista, o autor denuncia a exploração e as péssimas condições
de vida dos moradores das estalagens ou cortiços cariocas no século XX. Uma das
personagens da história é Bertoleza, uma ex-escrava (conforme pensava ser) que
servia com lealdade o companheiro João Romão, o dono do Cortiço e explorador
das pessoas que lá viviam. Bertoleza ainda é uma escrava. Ela havia fugido do
fazendeiro que tinha sua posse, encontrado com João Romão. Este por sua vez
apresentou uma carta de alforria à Bertoleza, carta pela qual ela havia pagado
para conseguir. Ufa! Bertoleza finalmente era livre. Como forma de gratidão se
tornou fiel ao protagonista da história. Ela o tratava como cônjuge, e ele a
tratava como doméstica. Bertoleza fazia tudo o que João Romão pedia. Certa vez,
bate em sua porta o filho do ex-patrão que exige a volta da escrava para a
fazenda. Bertoleza descobre a falsidade da Carta de Alforria. Bertoleza se
mata. A morte, para a personagem ,era como a salvação única que tinha para não
voltar ao seu posto de escrava.
1988. Unidos de Vila Isabel, escola de samba do Rio de
Janeiro, homenageia o centenário da Lei Áurea levando Zumbi dos Palmares à
Marquês de Sapucaí:
“Valeu Zumbi
o grito forte dos
Palmeres
que correu terras, céus
e mares
influenciando a
abolição”
1989. A escola de samba Imperatriz Leopoldinense, também do
Rio de Janeiro, entrou na Avenida do Samba para comemorar a Lei Áurea, ainda em
comemoração ao centenário da Lei:
“Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.”
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.”
13 de maio de 2016. Ninguém
se lembra da data. Estão todos ocupados demais para uma simples reflexão sobre
a liberdade prometida que jamais foi cumprida. Quando deixaremos de ouvir que lugar de negro é na senzala?
P.S.: O livro O Cortiço, foi lançado em 1890 porém sua história acontece antes de 1988, portanto, ainda havia escravidão no Brasil.
Que post incrível!! Realmente, esquecemos de muitos valores importantes que deveriam ser mais que lembrados hoje em dia. Infelizmente a humanidade anda ocupada demais. Triste! Seu blog é maravilhoso! Beijão ❤
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Obrigada por ter passado por aqui :)
Excluirseja sempre bem-vinda