sexta-feira, 13 de maio de 2016

Treze de Maio

Salão Nobre da Faculdade Nacional de Direito - UFRJ. Instituição onde fora assinada a Lei Áurea.
     13 de maio de 1888. A Princesa imperial regente em nome de Dom Pedro II, Isabel, e Rodrigo Augusto da Silva sancionaram a Lei Áurea (Lei Imperial 3.353) e a escravidão no Brasil foi extinta. Assim como tudo o que acontece tem uma história por trás, a Lei Áurea foi precedida pela Lei Eusébio de Queirós (1850 – proibição do tráfico negreiro), pela Lei do Ventre Livre (1871 – libertou todas as crianças nascidas de pais escravos a partir daquela data) e pela Lei dos Sexagenários (1985 –libertava escravos com mais de 60 anos).

     13 de maio de 1890. Aluísio Azevedo lançava sua obra – talvez a mais famosa – O Cortiço. A data pode não ser apenas uma coincidência. Nessa obra naturalista, o autor denuncia a exploração e as péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou cortiços cariocas no século XX. Uma das personagens da história é Bertoleza, uma ex-escrava (conforme pensava ser) que servia com lealdade o companheiro João Romão, o dono do Cortiço e explorador das pessoas que lá viviam. Bertoleza ainda é uma escrava. Ela havia fugido do fazendeiro que tinha sua posse, encontrado com João Romão. Este por sua vez apresentou uma carta de alforria à Bertoleza, carta pela qual ela havia pagado para conseguir. Ufa! Bertoleza finalmente era livre. Como forma de gratidão se tornou fiel ao protagonista da história. Ela o tratava como cônjuge, e ele a tratava como doméstica. Bertoleza fazia tudo o que João Romão pedia. Certa vez, bate em sua porta o filho do ex-patrão que exige a volta da escrava para a fazenda. Bertoleza descobre a falsidade da Carta de Alforria. Bertoleza se mata. A morte, para a personagem ,era como a salvação única que tinha para não voltar ao seu posto de escrava.


     1988. Unidos de Vila Isabel, escola de samba do Rio de Janeiro, homenageia o centenário da Lei Áurea levando Zumbi dos Palmares à Marquês de Sapucaí:

“Valeu Zumbi
o grito forte dos Palmeres
que correu terras, céus e mares
influenciando a abolição”

     1989. A escola de samba Imperatriz Leopoldinense, também do Rio de Janeiro, entrou na Avenida do Samba para comemorar a Lei Áurea, ainda em comemoração ao centenário da Lei:

“Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.”


      13 de maio de 2016. Ninguém se lembra da data. Estão todos ocupados demais para uma simples reflexão sobre a liberdade prometida que jamais foi cumprida. Quando deixaremos de ouvir que lugar de negro é na senzala? 


P.S.: O livro O Cortiço, foi lançado em 1890 porém sua história acontece antes de 1988, portanto, ainda havia escravidão no Brasil.

2 comentários:

  1. Que post incrível!! Realmente, esquecemos de muitos valores importantes que deveriam ser mais que lembrados hoje em dia. Infelizmente a humanidade anda ocupada demais. Triste! Seu blog é maravilhoso! Beijão ❤

    www.compondoestilo.com.br

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    1. Obrigada por ter passado por aqui :)
      seja sempre bem-vinda

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